Compartilhando melhores práticas no varejo: como descobrir o tesouro escondido nas lojas
Saiba como o varejo de precisão vai criar redes de conhecimento que conectam lojas físicas a melhores práticas comprovadas
Autor
Matheus Flores
Última atualização
April 23, 2025
Tempo de leitura
8 minutos de leitura
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Todos os dias, milhares de lojas de varejo físico realizam os mesmos experimentos. Mas: a maioria nunca compartilha o que funciona.

Digamos que uma franquia com 1.500 lojas quer aumentar as vendas treinando funcionários para oferecer um produto específico. Todas vendem o mesmo produto no mesmo ambiente, com equipes de habilidades parecidas. Algumas alcançam um sucesso notável. Outras fracassam completamente.

Isso representa 1.500 experimentos simultâneos acontecendo diariamente — mas não há documentação, análise ou compartilhamento do que funcionou com lojas que operam de um jeito muito parecido.

Esse potencial desperdiçado é uma enorme oportunidade perdida, escondida na cara de todos.

Durante nossos anos trabalhando com operadores de varejo nas diversas regiões do Brasil, observamos esse padrão se repetindo. Lojas em uma parte do país resolveram problemas que continuam afetando lojas em outras regiões. O conhecimento existe, mas permanece isolado, nunca chegando àqueles que mais precisam dele.

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A ciência por trás do Varejo de Precisão

É por esse motivo que o framework ICE está no centro do Varejo de Precisão, metodologia focada em priorizar recursos e esforços para maximizar o retorno sobre investimento em lojas físicas.

O ICE é uma abordagem científica para otimização operacional que ajuda a priorizar esforços com base em três fatores críticos: Impacto, Confiança e Esforço.

Impacto representa o valor potencial gerado ao mudar algo em sua operação. Ele responde à pergunta: "Quanto isso vai mover nossas métricas principais?". Por si só, isso ajuda a priorizar oportunidades, mas é só a primeira dimensão.

Esforço mede os recursos necessários para implementar uma mudança. Uma iniciativa de impacto ligeiramente menor pode entregar um retorno muito melhor se exigir bem menos esforço. Isso adiciona uma segunda dimensão à nossa tomada de decisão.

Mas é o terceiro elemento, Confiança, que a maioria das operações  ignora. É justamente ele que traz o maior potencial de transformação.

A confiança vem de repetir o mesmo experimento um número estatisticamente apropriado de vezes, em ambientes relevantes. Ela responde à pergunta: "Quão certos estamos de que isso vai funcionar?". E é aqui que o compartilhamento de conhecimento se torna tão importante.

Sem acesso ao que outros já tentaram, testaram e validaram, cada loja opera no isolamento — todos os dias “reinventando as rodas” que já foram aperfeiçoadas em outros lugares.

Como o conhecimento flui hoje

Franqueados já compartilham conhecimento, mas de maneiras limitadas e informais. A maioria cria grupos de WhatsApp, onde trocam dicas ocasionais e fazem perguntas. Essas conexões geralmente se limitam às regiões, com operadores em São Paulo raramente replicando inovações descobertas em Recife.

As poucas informações compartilhadas não têm estrutura que permita a replicação. Não há um modelo padronizado, nem metodologia para documentação, nem repositório central. Pior: não existe análise sistemática do que realmente funciona versus o que alguém acha que pode funcionar.

Notamos que quando os franqueados se reúnem pessoalmente, durante reuniões anuais ou roadshows regionais, o compartilhamento de conhecimento aumenta drasticamente. Esses ambientes de imersão criam oportunidades naturais para operadores mostrarem seus sucessos e aprenderem com seus pares. Mas esses momentos são pouco frequentes, e as informações valiosas muitas vezes se perdem sem registros adequados.

A natureza informal do compartilhamento atual cria várias limitações:

  • Primeiro, a qualidade da informação varia muito. Sem uma estrutura para documentar o que funcionou, detalhes críticos sobre a implementação se perdem.
  • Segundo, as fronteiras geográficas limitam o alcance. Um franqueado normalmente conversa com alguns poucos colegas de confiança em sua cidade ou pequena região.
  • Terceiro, não existe processo de validação. Histórias são compartilhadas, mas raramente com o rigor estatístico necessário para construir confiança.

O resultado disso? Um mosaico de conhecimento onde proximidade, não relevância, determina quais soluções os operadores descobrem.

O caso de estudo das vendas de bebidas

Tenho um exemplo que ilustra o poder das melhores práticas  documentadas e compartilhadas.

Vários franqueados estavam tentando melhorar suas vendas gerais — um objetivo amplo e abstrato que não dava muito direcionamento para a equipe. Analisando dados, identificamos que algumas lojas tinham uma oportunidade específica de vender mais bebidas. Suas vendas de sanduíches eram boas, mas as taxas de bebidas associadas estavam significativamente abaixo.

Ao examinar os dados com mais detalhes, identificamos os pontos luminosos — lojas que sempre vendiam mais bebidas que seus pares. Em seguida, observamos suas operações para determinar o que fazia a diferença.

A resposta não estava em materiais de marketing ou estratégia de preços. Estava no comportamento preciso dos caixas durante as interações com os clientes.

Nas lojas de alto desempenho, os caixas não perguntavam: "Você gostaria de algo para beber com isso?". Em vez disso, pegavam dois copos — um de 300ml e outro de 500ml — e perguntavam: "Qual tamanho você prefere?", enquanto mostravam as opções em cada mão.

Essa combinação específica de linguagem e gesto aumentou as vendas de bebidas muito além do esperado. Sem a documentação adequada, essa técnica teria permanecido restrita a um punhado de lojas.

Documentamos tudo: o problema exato sendo resolvido (baixa taxa de venda de bebidas associadas), a linguagem e gestos precisos utilizados, a abordagem de treinamento e os resultados mensuráveis. Criamos vídeos de treinamento mostrando a técnica em ação.

Quando compartilhado com franqueados no sul do Brasil que enfrentavam o mesmo desafio, eles implementaram a abordagem com sucesso. A documentação estruturada tornou a solução imediatamente acionável — eles sabiam exatamente o que fazer, como treinar a equipe e quais resultados esperar.

Este exemplo demonstra por que compartilhar conhecimento não é suficiente — ele deve ser estruturado, específico e vinculado a resultados mensuráveis.

Construindo confiança através de relevância estatística

Ao avaliar as melhores práticas, o objetivo não é a certeza absoluta, e sim aumentar a probabilidade de sucesso.

Para qualquer mudança operacional, precisamos saber: Quantas pessoas já tentaram isso? Em quais ambientes? Sob quais condições? Com quais métodos específicos de implementação?

Uma melhor prática pode funcionar muito bem em um contexto, mas falhar em outro devido a variáveis que você não considerou. Para nosso exemplo de bebidas, precisávamos entender se a técnica funcionava igualmente bem em diferentes perfis demográficos.

Os clientes em bairros mais ricos responderiam de forma diferente dos que estão em áreas de classe trabalhadora? A abordagem funcionaria igualmente bem durante o horário de pico da manhã e períodos mais calmos da tarde? Essas questões exigem análise prévia.

Ao testar a mesma técnica em diversas lojas e documentar os resultados junto com as variáveis relevantes, construímos uma compreensão mais complexa (e confiável) de quando e por que algo funciona.

Esta análise não é binária — trata-se de probabilidade e contexto. Uma técnica pode funcionar excepcionalmente bem em um ambiente e moderadamente bem em outro. O importante é que os dois resultados fornecem dados valiosos.

Por exemplo: observamos que certos sabores de sanduíche têm desempenho bem diferente nas regiões do Brasil. Sanduíches de carne seca vendem bastante no Nordeste, mas mal no Sul. Por mais excelência operacional que uma loja tenha, dificilmente isso vai mudar.

Por outro lado, certas práticas — como técnicas específicas de upselling — funcionam independentemente da localização. Só por meio de testes estruturados e documentação podemos diferenciar entre melhores práticas universais e abordagens dependentes do contexto.

A arte da documentação precisa

Criar melhores práticas verdadeiramente valiosas requer documentação que capture tanto o quê quanto o como das abordagens bem-sucedidas.

Primeiro, melhores práticas não são mandamentos. São inspiração e orientação baseadas em sucesso do mundo real. Cada loja permanece única, e os operadores devem adaptar as práticas às suas circunstâncias específicas.

A documentação eficaz deve incluir:

  1. O problema específico sendo resolvido, vinculado a uma métrica mensurável;
  2. Características da loja: tipo de localização (shopping, rua, etc.), região, perfil demográfico e fatores ambientais relevantes;
  3. Composição da equipe: níveis de pessoal, estrutura de gestão, taxas de rotatividade e níveis de experiência;
  4. Detalhes de implementação: linguagem precisa utilizada, abordagens de treinamento, métodos de comunicação e aspectos comportamentais;
  5. Resultados alcançados com métricas específicas antes e depois da implementação

O elemento humano não deveria ser, mas ainda é bastante negligenciado nessa equação. Como os gerentes comunicaram a mudança para a equipe, qual motivação eles forneceram e como tornaram a implementação fácil, por exemplo. Esses aspectos comportamentais muitas vezes determinam o sucesso mais do que a própria técnica.

Este nível de documentação cria uma base para outros construírem em cima. À medida que outras lojas implementam a boa prática, elas podem adicionar seus resultados — criando um conjunto de dados cada vez maior que aumenta a confiança na abordagem ou ajuda a identificar limites.

Por que o compartilhamento de conhecimento gera efeitos de rede

O valor do compartilhamento estruturado de conhecimento se multiplica rapidamente, criando poderosos efeitos de rede que beneficiam todos os envolvidos.

No momento em que um operador implementa com sucesso uma melhor prática que não desenvolveu sozinho, ele experimenta valor concreto. Isso cria um retorno imediato sobre o tempo investido na comunidade e no compartilhamento de conhecimento.

Sem acesso a boas práticas comprovadas, operadores acabam perdendo tempo com múltiplas soluções potenciais, fazendo testes em sequência e esperando que algo funcione. Esse tipo de abordagem de tentativa e erro desperdiça enormes quantidades de tempo e recursos.

O acesso a melhores práticas validadas permite que operadores pulem este ciclo custoso de aprendizado, e aumentem sua probabilidade de resolver problemas rapidamente.

À medida que mais operadores contribuem com suas experiências, a base de conhecimento se torna mais valiosa. Surgem soluções para desafios cada vez mais específicos, e a confiança estatística por trás de cada prática se fortalece.

Isso muda hábitos. Quando operadores encontram um problema, seu primeiro instinto se torna consultar a base de conhecimento em vez de adivinhar soluções.

Além das métricas de vendas

Embora melhorias de vendas frequentemente impulsionem iniciativas de compartilhamento de conhecimento, os benefícios vão muito além das métricas de receita.

Recentemente, observamos um exemplo poderoso envolvendo a contratação de funcionários. Vários franqueados lutavam com alta rotatividade dos recém-contratados durante os primeiros três meses.

A abordagem tradicional de integração focava principalmente no treinamento operacional — mostrando aos novos contratados os sistemas, procedimentos e requisitos do trabalho. Esta abordagem parecia lógica, mas produzia baixa retenção.

Um franqueado redesenhou seu processo de integração para priorizar a conexão com a equipe e o sentimento de pertencimento antes do treinamento operacional. Eles estabeleceram rituais de boas-vindas, criaram espaços seguros para perguntas e focaram na construção de relacionamentos entre os novos contratados e os veteranos da equipe.

Foi desse jeito que as taxas de retenção durante os críticos primeiros três meses melhoraram dramaticamente. Quando devidamente documentada e compartilhada, esta abordagem ajudou outros franqueados a transformar seus processos de integração com resultados similares.

Esse exemplo destaca como o compartilhamento de conhecimento beneficia cada aspecto das operações — de técnicas de vendas até práticas de contratação e cultura de equipe. Os princípios permanecem, independentemente do desafio enfrentado.

Implementação em ambientes diversos de varejo

Enquanto ambientes padronizados como sistemas de franquia proporcionam condições ideais para o compartilhamento de conhecimento, a abordagem funciona em diversos ambientes de varejo, se feitas algumas adaptações.

Em ambientes não padronizados, a documentação simplesmente requer capturar mais variáveis. Uma melhor prática que funciona para uma pizzaria pode precisar de modificação para uma hamburgueria, mas os princípios quase sempre ainda podem ser transferidos.

A questão-chave se torna: Essa operação enfrenta problemas semelhantes? Para uma melhor prática trazer valor real, os desafios devem ser similares. Uma solução para um problema que você não tem não gera benefícios.

Varejistas independentes provavelmente vão precisar adaptar práticas com mais frequência que operações padronizadas, mas ainda se beneficiam muito em não começar do zero.

Acessar abordagens documentadas que funcionaram em outros lugares — mesmo que em contextos um pouco diferentes — é um avanço significativo se compararmos à velha mentalidade de “tentativa e erro”.

Criando sua comunidade de compartilhamento de conhecimento

Construir um sistema eficaz de compartilhamento de conhecimento demanda um cuidado na implementação Para organizações prontas para capturar este potencial inexplorado, recomendamos esse passo a passo:

Primeiro, crie uma lista dos problemas que suas lojas realmente enfrentam. Foque nos resultados ruins, que você quer mudar, e não no que falta na operação. Um exemplo: **"**baixa taxa de bebidas associadas" é um problema, e não "falta de um programa de promoção de bebidas".

Identifique a métrica que mede especificamente cada problema, em vez de usar como referência indicadores gerais, como faturamento.

Feito isso, é hora de documentar as variáveis relevantes na sua operação. O que torna cada loja única? Considere tipos de localização, diferenças regionais, características demográficas, composições de equipe e outros fatores que podem influenciar os resultados. Isso delimita um contexto para entender por que práticas funcionam em alguns ambientes, mas não em outros.

Terceiro passo: comece a documentar tanto sucessos quanto fracassos. O que as pessoas já tentaram? O que funcionou? O que não funcionou? Esta base de conhecimento inicial gera valor imediato e encoraja maior participação. Documente tudo com a estrutura já descrita aqui: problema abordado, características da loja, detalhes de implementação e resultados mensuráveis.

A tecnologia que apoia este processo deve tornar a documentação mais fácil, garantindo ao mesmo tempo que as informações permaneçam estruturadas e acessíveis. O objetivo é reduzir a dificuldade no processo de compartilhamento, enquanto mantém o rigor que torna o conhecimento compartilhado de fato valioso.

O futuro das comunidades de conhecimento no varejo

Olhando para o futuro, vemos a tecnologia tornando o compartilhamento de conhecimento cada vez mais fluido, enquanto expande seu alcance além das fronteiras geográficas e de organizações.

Sistemas avançados vão ajudar a mapear características de lojas, conectar operadores com melhores práticas relevantes e facilitar conexões entre pessoas enfrentando desafios semelhantes. Barreiras linguísticas vão se dissolver com recursos de tradução, permitindo que operadores em todo o mundo aprendam com as experiências uns dos outros.

A possibilidade mais empolgante é a criação de bases de conhecimento dinâmicas e vivas, que melhoram à medida que mais operadores contribuem com experiências.

No entanto, o elemento humano sempre vai ser o ponto central. A tecnologia facilita o compartilhamento, mas a implementação bem-sucedida ainda requer operadores habilidosos, que entendam seus ambientes e equipes. A base de conhecimento se torna uma ferramenta poderosa em mãos humanas, não um substituto para o julgamento humano.

Em essência, estamos construindo copilotos para o varejo, não pilotos automáticos. A comunidade de conhecimento aumenta as capacidades do operador, fornecendo abordagens testadas e confiança estatística, mas os operadores ainda são os tomadores de decisão.

Desbloqueando o potencial da sua loja

Cada operação de varejo contém conhecimento valioso esperando para ser capturado e compartilhado. A diferença entre bons operadores e operadores excepcionais frequentemente não está na criatividade, mas na capacidade de aprender.

As operações de varejo mais bem-sucedidas vão ser aquelas que se transformarem e aderirem a redes inteligência coletiva — onde cada loja contribui e se beneficia da sabedoria de todo o sistema.

Muito disso já está sendo feito entre nossos clientes, na Visio. A Visio é uma plataforma que usa o melhor da tecnologia e da inteligência artificial para transformar a rotina das lojas em informações úteis e acessíveis. Com a Visio, você identifica com rapidez e precisão quais são as melhores oportunidades de melhoria da sua loja, e que melhorias deve priorizar.

Mas não só: nossa equipe de especialistas te orienta e dá acesso a práticas já testadas em outras centenas de lojas, direcionando treinamentos e ajustes que vão tornar sua operação mais lucrativa.

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A mina de ouro do conhecimento operacional já existe dentro da sua organização. A única questão é se você vai continuar esses metais enterrados — ou se vai trazê-los à superfície para que todos possam ver seu valor real.

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